terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A vitoria de Pirro dos Iluminados

Está tudo estérico: mais uma vez Portugal é o centro das atenções da Europa. Várias personalidades europeias avisaram o governo português do perigo de fazer o referendo. O próprio presidente da Republica avisa do perigo que daí decorre. Em tudo isto se vê o verdadeiro motivo dos defensores da ratificação parlamentar: o medo do chumbo.
Entretanto a TSF anuncia que não haverá referendo, e os "eurofóricos" abrem o champanhe, não tendo consciência que devido á sua irresponsabilidade, podem muito bem estar a lançar as sementes da destruição da Europa. Efectivamente o efeito de uma ausência de consulta popular ao tratado, levará á fraca legitimidade deste aos olhos das população , e por consequência os vários governos nacionais, que se seguiram a estes, não hesitaram em rasga-lo caso isso faça parte dos seus interesses.
Os Euroforicos comemoram uma vitoria; não sabem que é uma vitoria de Pirro.

2 comentários:

Gonçalo Dorotea Cevada disse...

Rodrigo,

Começo por te felicitar pela tua nova, ainda que temporária morada, na blogosfera.
Quanto ao conteúdo propriamente dito deste post há que esclarecer algumas falácias aqui afirmadas: 1º os Parlamentos tem toda a legitimidade democrática, legal e, constitucional para ratificarem uma matéria como é o caso do Tratado Reformador/Lisboa; 2º o argumento de que "é o fim da Europa" é completamente populista, sem fundamento e além do mais, despropositado dada a eminente ausência de factores/argumentos que o justifiquem ou comprovem; 3º parece-me que a opinião pública está a falar mais desta matéria não pelo seu conteúdo importantíssimo para o futuro de todos, mas por poder vir a ser, no caso de ratificação parlamentar, um "calcanhar de Aquiles" de José Sócrates no âmbito da sua popularidade. Pura birra, portanto.

Abraço!

Rodrigo Lobo d'Ávila disse...

Caro Cevada, és sempre bem-vindo nesta roulotte blogosferica. Desculpa ter demorado a responder-te mas como sabes não tive tempo devido aos exames. Quanto ao facto de os parlamentos terem legitimidade legal, tens que levar em conta uma coisa: esta constituição, perdão, este tratado traz grandes alterações de cariz constitucional. Devo lembrar-te que a constituição trata-se do documento que “controla”, o poder constituído (os deputados), logo deveria haver uma consulta ao poder acima, o poder constituinte que no caso português é o povo. Quanto a legitimidade democrática tem muito pouca se não mesmo nenhuma, dado que para a constituição europeia (que era, salvo pequenas coisas, copia a papel químico do actual tratado), foi feito o referendo em vários países e prometido noutros, tendo em alguns casos como resultado o chumbo dessa mesma constituição. Ao aprovar-se por via parlamentar ignorasse a vontade popular, o poder constituído atropela a sua própria palavra, e ignora o poder que lhe é superior, (o constituinte) degradando assim a legitimidade democrática. Não quererias dizer legitimidade Oligárquica antes?
E ainda poderemos falar doutra legitimidade, a legitimidade aos olhos da população: Sem o referendo, o tratado fica muito debilitado, pois as populações não se revêem nele. Há a clara noção que os parlamentos passaram por cima das vontades dos povos para que construção europeia prosseguisse mas ao fazer isso a constituição prossegue com pés de barro. Sem a legitimidade sólida dum referendo a unir a Europa, não haverá possibilidade de esta resistir e manter-se unida contra uma qualquer crise. Pois nessa altura os esforços de manutenção da união por parte de Bruxelas, embarrarão sempre neste argumento: “Não foi referendado! Não foi referendado!”
Quanto à questão do referendo ser uma birra devo discordar. Sócrates prometeu um referendo do tratado europeu aos cidadãos portugueses, e quebrou essa promessa por lealdade com os restantes primeiros-ministros europeus. Devo-te informar que se Sócrates “deve lealdade” a alguém é ao povo português, não a Sarkozy ou a Merkle.