quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A IV Republica




Não podemos deixar de ir a Lisboa e não ficarmos fascinados. Ela é totalmente diferente das restantes cidades portuguesas: tudo na capital imana grandeza, cosmopolitismo e monumentalidade. Lisboa é uma metrópole. Lisboa é uma cidade Imperial, e é nesta última característica que reside a causa da grandeza de Lisboa. Durante 400 anos a necessidade de administrar um império extremamente vasto de uma forma extremamente centralizada, bem como a contínua chegada de riquezas, transformaram a pequena capital de um dos reinos mais pobres da Europa numa das metrópoles mais esplendorosas do mundo ocidental.

Mas hoje o império já não existe e no entanto, a forma de governar o agora pequeno país em pouco se diferencia da maneira como se governava o Império, ou seja, de forma ultra-centralizada. E ironia das ironias, o centralismo cujo o objectivo é manutenção da unidade e coesão nacional a todo custo unicamente provoca divisão do país em dois: de um lado temos a Grande Lisboa que continua a ser e a viver como Cidade Imperial, com os seus 2.8 milhões de habitantes e 45% do PIB nacional; do outro lado o resto do país que muito simplesmente definha numa "austera, apagada e vil tristeza". Temos como exemplo no nosso distrito do Porto cujo o PIB per capita é um dos mais baixos da Europa (cerca de 80% da media nacional). Isto se não formos a falar das regiões interiores cuja desertificação e abandono fazem mais lembrar as longínquas estepes asiáticas do que uma região dum moderno país europeu.

Na minha opinião a solução pode ser dita em três palavras: regionalização, regionalização, regionalização. Esta deveria constituir um sistema tri-camarário. Primeiro teríamos as assembleias regionais com alguma autonomia administrativa e orçamental. A própria região deveria poder controlar algum dos impostos nomeadamente o IRC. Depois a nível central e nacional teríamos duas câmaras: uma câmara baixa, (que poderia ser a actual assembleia da republica) e uma câmara alta, com uma representação igualitária das regiões, por onde teriam que passar todas as propostas de leis aprovadas pela câmara baixa que dissessem respeito a alguns aspectos da politica interna do país. Só assim possibilitaríamos um crescimento maior e mais uniforme do país.

Contudo, nem tudo são rosas. A existência de varias regiões com autonomia administrativa pode, caso não haja qualquer tipo de controlo, provocar uma “ode orgiástica” á expansão megalómana do deficit publico. Para evitar isto é necessário criar um regulamento de controlo dos deficits regionais, que preveja a aplicação de penalizações às regiões que não excedam um determinado deficit.

Só aplicando esta forma de regime, esta IV Republica, é que poderemos quebrar a barreira que se criou entre os dois “Portugais”, de forma a que de várias regiões haja um só país: “E pluribus unum “

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